segunda-feira, 31 de outubro de 2016

DOCE DE DIÓSPIRO

Vamos lá aproveitar a fruta da época.
Quando era miúda passava muito tempo no Alentejo e é da minha terra, Póvoa e Meadas, que tenho as melhores recordações da minha infância. No meio dessas recordações estão os dióspiros. Lembro-me que no quintal da "Tá Camila", a avó da minha prima havia uma romãzeira e um diospireiro, que dava uns dióspiros pequeninos e muito doces que eu adorava (agora não lhes acho lá muita graça). Geralmente íamos ao Alentejo passar o Dia de Finados e pedir o tradicional Pão por Deus, ainda não tinham inventado o Halloween, e eu juntava-me aos meus primos e a alguns amigos e lá íamos de porta em porta com um saquinho de pano na mão e voltávamos para casa com pão, passas, nozes e outras coisas que agora são tão saudáveis e que na época eram simplesmente aquilo que as pessoas tinham em casa e que partilhavam connosco. Os padrinhos até mandavam fazer uns pães mais pequenos, as fogaças, para darem aos afilhados. 
Estou-me a dispersar. Voltando aos dióspiros. O meu marido tem umas quantas árvores que dão uns dióspiros gigantes e super doces que eu ando há uns anos com o projecto de transformar em doce. Por motivos vários o projecto só se concretizou este ano. E já o devia ter concretizado há muito mais tempo, porque o resultado é do melhor que há. 

Ingredientes 


1 kg de dióspiros bem madurinhos
500g de açúcar
½ copo de água
1 colher de chá de baunilha

Preparação

Comece por retirar a polpa aos dióspiros, um processo que é bem mais fácil se lhes retirar um bocadinho da pele e depois simplesmente meter a mão na massa, que é como quem diz na polpa do fruto. É um processo um bocadinho para o nojento, mas garanto que o resultado compensa.
Num tacho leve ao lume o açúcar, adicione-lhe um pouco de água e a baunilha e deixe fervilhar até obter um caramelo clarinho. Eu usei extracto de baunilha mas se quiserem raspar uma vagem para dentro do tacho fiquem à vontade, que o resultado final ainda será melhor. E depois não deitem a vagem fora, ponham-na dentro do frasco do açúcar (não têm o açúcar num frasco? Mas que raio de pessoas são vocês?) e dentro de uns dias têm um maravilhoso açúcar baunilhado.
Quando o caramelo estiver no ponto certo (bem clarinho), juntem-lhe a polpa do dióspiro e deixem ferver um bocadinho. Este é o doce mais rápido do mundo. O meu só ferveu uns 10 minutos e está com uma consistência de marmelada molinha. Aqui têm duas opções, ou trituram ou deixam ficar aquela espécie de gomos que o dióspiro tem. Eu triturei porque tive medo que a consistência com os fios e os gomos fosse demais para os meus nervos e sensibilidades, mas deixo ao vosso critério.
Foi sem dúvida, para além do mais rápido, o doce que fiz até hoje que mais sabor à fruta tem. O sabor é tal e qual o do dióspiro fresco com a vantagem de não termos aquela textura do mesmo que a mim me deixa um bocadinho agoniada, confesso. 


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